CRÍTICA – MEU PRIMO INGLÊS

Meu Primo Inglês (My English Cousin) é uma produção suíça, qatari e argelina, exibida no Festival Internacional de Cinema de Toronto, em 2019. Também exibido aqui no Brasil na oitava edição do Panorama Digital do Cinema Suíço, que busca aproximar o cinema suíço dos brasileiros. Acontecerá entre os dias 27 de Agosto e 6 de Setembro, onde 14 filmes estarão disponíveis na plataforma Sesc Digital.

Karim Sayad, diretor do documentário, conversando com seu primo, Fahed, recebe a notícia que o mesmo decidiu voltar para seu país natal, a Argélia, para casar. Karim, conhecendo seu primo, resolve documentar toda a jornada de incerteza, de retorno, de despedida e de tomada de rumo que se torna a vida de Fahed.

O documentário do estilo slice of life apresenta a vida de um imigrante argelino morando em Grimsby, cidade portuária próxima a Londres, que poderia ser cheia de idas e vindas pela grande capital britânica, curtição da sua vida noturna e da rotina metropolitana. Ao invés, temos um retrato e um acompanhamento de uma vida um tanto entediante, de muito trabalho, dedicação e lazer em lugares costumeiros com as mesmas pessoas costumeiras.

O drama da volta de Fahed para a Argélia oriunda da incerteza de sua felicidade na Inglaterra, após seu divórcio com uma inglesa ele diz que precisa “mudar de vida”. Em um relato inspirado, exemplifica que ao chegar em casa depois de um dia de trabalho e receber a comida para a janta feita por sua mulher é uma sensação insuperável; comer fora, pedir tele-entrega ou cozinhar para si mesmo não é comparável a sensação de uma comida feita por alguém que ama. É pelas falas do protagonista que podemos compreender seu estado emocional pois sua fisionomia durante o longa não transparece seu sentimentos internos, mesmo em situações adversas e de dúvidas, Fahed  aparece com um sorriso no rosto.

Ainda que tenha esses bons momentos de verdadeiro relatos de um imigrante insatisfeito e duvidando de sua qualidade de vida no exterior, para mim o seu ponto alto é a incerteza de rumo que o protagonista dá a sua vida. Porém a forma como são relatados esses momentos de incerteza e dúvida, são os pontos baixos do longa. Fahed é mostrado por uma quantidade desnecessária de tempo apenas sentado ou deitado em um móvel, sem fazer nada de útil para o espectador. Quase um loop temporal, que todo dia se repete, é um retrato fiel de como está a vida de Fahed em Grimsby. Sim, é um relato real, não uma história escrita, por isso, em vários momentos do longa, tirava a conclusão que essa história só está sendo contada por causa de sua veracidade da gravação. Nenhum roteiro escrito que retratasse da mesma forma essa história documentada seria posto exatamente assim em um filme.

Ao acompanharmos um protagonista que em cada capítulo pode aparecer ou na Argélia ou na Inglaterra, que pode marcar ou cancelar um casamento a qualquer momento, temos uma sensação genuína da incerteza que passa pela cabeça de Fahed. Resumindo: é louvável que seja mostrado de forma genuína ao público a rotina monótona e entediante do protagonista, contudo, isso acarreta que o público, em sua maioria, fique entediado, e no meu caso, não achei que o longa conseguiu fazer algo para compensar esse sentimento passado.

A monotonia da vida de seu primo imigrante de classe trabalhadora relatada por Karim dá a proposital noção de que a vida de Fahed anseia por novidades e o medo do desconhecido leva à incerteza e à insegurança. O longa termina e nos é deixada uma impressão inconclusiva, pois sua história ainda não é um filme completo, ela ainda segue, por fora das câmeras.

 

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