Final Space: Uma tragédia grega épica no espaço disfarçada de comédia de animação
FINAL SPACE é incrível. Eu comecei a ver as novas séries do mês de fevereiro, para mais um novas séries do mês, e descobri FINAL SPACE, uma pequena pérola daquelas que parece que ninguém viu ainda ou apenas não se importou depois de julgar pelas aparências.
Apesar do estilo meio infantil do desenho, das cores gritantes e das piadas que provocam sim algumas risadas, eu não consigo considerar FINAL SPACE uma animação sci-fi de comédia, como era Futurama ou é Rick and Morty, por exemplo.
É uma saga espacial sombria no melhor estilo O Império Contra-Ataca que fica grandiosa episódio após episódio e épica a cada cena de ação que nos faz realmente temer pela vida dos personagens.
FINAL SPACE já conquistou o mérito de ser a única animação que me fez temer pela vida de um desenho animado. É uma delícia de assistir pois oferece uma mistura de angústia, tensão e diversão na dose certa, chegando a incomodar em alguns momentos.
FINAL SPACE é angustiante sem perder a ternura.
É um drama espacial visceral, envolvente e surpreendentemente bem feito, que eu não consegui parar de assistir e já coloco ao lado de Samurai Jack, uma das melhores séries animadas de todos os tempos.
Gary é um sujeito meio sem noção que vive sozinho a bordo da nave Galaxy One, que nada mais é que uma prisão espacial. Ele foi parar nessa prisão depois de ter feito uma cagrebows na Terra para impressionar Quinn, uma militar do Planeta Terra.
Agora, cercado apenas alguns robôs idiotas e pela inteligência artificial da nava, o hiper inteligente H.U.E. (uma homenagem ao H.A.L. de 2001: Uma Odisséia no Espaço) e sem humanos por perto há cinco anos ele sobrevive sem saber direito o que se passou pelo universo durante esse tempo.
Aliás, faltam apenas algumas semanas para a pena de cinco anos terminar quando ele encontra Mooncake, uma criaturinha verde perseguida pelo Lorde Comandante, um ser que lembra bastante o Imperador de Star Wars.
E é nesse ponto que a aventura começa.
Outros personagens são introduzidos rapidamente na trama para formar a família espacial de Gary e nós passamos a ter empatia por eles, e aí que a coisa começa a ficar traumatizante e dolorosa. O melhor de FINAL SPACE são seus personagens, são eles que fazem a série valer a pena.
Criada por Olan Rogers, e ao pesquisar o curriculo dele e descobri o episódio piloto que ele fez de FINAL SPACE em 2016, que já era bem legal e até meio sombrio, e descobri que eles seguiram um caminho completamente diferente.
O piloto está no YouTube e tem mais de um milhão de visualizações, e tenho certeza de que foi esse número de visualizações que permitiu a produção da série completa.
Rogers faz as vozes de Gary, o protagonista, da criaturinha fofa Mooncake e do Tribore, um alienígena de seis olhos. Mas o elenco vai além. Tem as vozes de David Tennant, Steven Yeun, Ron Pearlman, Keith David e de Conan O’Brien, que também é o produtor da série.
FINAL SPACE parece ser uma daquelas produções onde o criador tem total liberdade pra inventar e essa liberdade se torna o grande trunfo. Claro que fazer uma aventura espacial sem usar os clichés do gênero é algo quase impossível, então vemos elementos que vão de Star Wars a 2001 passando por animações como Futurama e Rick and Morty.
Mas apesar de se alimentar desses clichés FINAL SPACE entrega uma história única com um ritmo incrível que em alguns momentos é capaz de cortar o coração dos desavisados. Em alguns momentos você se pegará rindo das piadas idiotas de Gary e no momento seguinte essa sensação é arrancada de você brutalmente, sem nenhuma pena.
Tem uma cena, no final do sexto episódio, que eu simplesmente não acreditei no que estava vendo e me fez perder o fôlego. São esses momentos que fazem de FINAL SPACE uma alívio no meio de tanta coisa sem graça pra ver.
FINAL SPACE: SPOILER:
Vou colocar uma cena da animação que eu acho incrível e, apesar de obviamente ter alguns spoilers nela, em nada estraga a experiência de assistir aos episódios.
Mas se você não quiser assistir eu vou entender.
Esse carrossel de emoções pode deixar o espectador confuso, sem saber exatamente qual o tom da série? Sim, mas e daí? FINAL SPACE vai além das emoções. A animação é de uma produção primorosa, cheia de cuidados cuidadosa, colorida, iluminada, que vai do suave e fofo para o visceral sem medo de mostrar imagens que de certa forma incomodam.
Final Space: Uma tragédia grega épica no espaço disfarçada de comédia de animação.
A liberdade de criar mundos é usada sem limites, que vão desde selvas cheias de seres iluminados por cores neons até planetas abandonados sombrios. A idéia do buraco de minhoca realmente ter uma minhoca nele é sensacional. E a cena de abertura de cada episódio, que coisa deliciosa, carregada com uma simplicidade poética rara de ver em qualquer mídia.
FINAL SPACE tem oito episódios e eu assisti a seis deles numa tacada só, mas no final do sexto eu precisei parar. Não parei por que não queria ver mais, parei para respirar um pouco, tamanho o ritmo da história.
Veja FINAL SPACE.
É um produto único que desafiou minha inteligência sem deixar de ser estúpido. Só isso já prova que a animação não tem paralelos.
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