CRÍTICA: ROCKETMAN
N’uma onda avassaladora de lançamentos de gênero musical, eis mais um filme para agregar neste segmento. Mas, ao contrário de Bohemian Rhapsody, por exemplo, o filme Rocketman é uma grande celebração, com cenas suntuosas, um lírico poema sobre um músico que se transbordou no seu talento, afogou no seu passado sombrio, e reergueu tempos depois. Nem a metafísica ousaria explicar, tamanha convicção histórica. Aliás, como definir Elton Hercules John?
A direção é de Dexter Fletcher (sim, o mesmo que ‘salvou’ o já citado Bohemian Rhapsody, devido à problemas pessoais acerca de Bryan Singer), e mostra a sua compactação em termos de estrutura linear: o filme começa com Elton John já estabelecido e, nas memórias, transformam em flashback e, com isto, somos trazidos à sua realidade – assim quando a trama começa a transcorrer. Fluído e coeso, o diretor acerta a mão quando consegue transformar questões espinhais em algo relativo, muito mais real e tocante. São temas muito mais abertos em nossa realidade: sexo, drogas, alcoolismo, deterioração emocional, homossexualismo, fama e outros mais. Sem pudor, sem máscaras.
Os musicais são efeitos sonoros de certas situações, e é impressionante como é muito bem inserido no enredo. Grandes canções nasceram de grandes conflitos, de inúmeras incertezas, de um olhar mais apurado e honesto. É por isso que considero um êxito: um musical transmitir a clareza no aspecto humano, sem ser chato. Do que faz o orgulho, quando o ego se apressa a dizer por você? Assim, nasce um ídolo muito mais próximo de nós. Emocionante, as canções entregam por inteiro – e cabe-lhe a deixar te instruir por elas. Impossível não cantarolar durante as apresentações…
O ator Taron Egerton, como Elton John, está brilhante em suas atuações. Carismático, expressa suas facetas de maneira esplendorosa. Muito mais que isto, ele dá a voz nas canções eternizadas: afinadíssimo, mostra seu outro lado de seu talento. Versátil, não perde nos seus momentos dramáticos e abrilhanta todo o conceito que o musical precisa ser: o mais verdadeiro possível. Merece uma indicação futura em alguma premiação… Quem sabe o Oscar?

Jamie Bell como Bernie e Taron Egerton como Elton John
Rocketman é um belo quadro com suas nuances de variações gradativas de cores. N’uma revisitada e consagrada leva de canções, o filme nos conecta de uma forma divertida, emocionante e verdadeira. De uma infância com relacionamentos conturbados com os pais até a sua glorificação em beira de morte, as músicas serão os nossos elos com o ídolo mistificado – porém, um ídolo como nós.
Como escreveu a maior escritora francesa, George Sand (pseudônimo de Amandine Aurore Lucile Dupin) : “As canções, os relatos, os contos populares, pintam em poucas palavras – o que a literatura se limita a amplificar e a disfarçar”. E aqui, não há nenhum disfarce. Uma boa arte sabe amplificar o que é uma vida, operante em toda sorte.
Rocketman já está nos cinemas.
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