CRÍTICA: HISTÓRIAS ASSUSTADORAS PARA CONTAR NO ESCURO
Em obras contemporâneas do segmento de terror, é normal ter-las as constantes insinuações de que “o homem é mortal por seus temores e imortal por seus desejos”, como diria Pitágoras – em muitos séculos atrás. E é nesta base de contexto que o longa imprime suas convicções e tenta invocar todo o medo, mas bem ‘fora da caixinha‘. Isto graças ao talento ímpar de Guillermo Del Toro, impresso na produção – que foi inviabilizado pelo roteiro criativo do mesmo, que baseia nos antológicos ‘Scary Stories To Tell In The Dark‘, uma trilogia de folclore americano escrita pelo brilhante Alvin Schwartz. E é dirigido por André Øvredal, um diretor norueguês que, cujo currículo, lhe tem bons filmes de terror como Troll Hunter e A Autópsia.
A história transcorre em 1968, em uma cidade de Mill Valley, à meio de um festivo coletivo de Halloween. Enquanto alguns aglutinados definham à si próprios com bullyings aos seus indefesos, alguns adolescentes como Stella (Zoe Margaret Colletti), Auggie (Gabriel Rush), Chuck (Austin Zajur) e Ramón (Michael Garza) – movidos à atenuante curiosidade – vão até a mansão mal-assombrada (e abandonada) da família Bellows, envoltos de lendas sobre a Sarah Bellows (Kathleen Pollard) e de suas histórias horripilantes em uma suposta espécie de livro. Eram supostas lendas, até que… um destes adolescentes, a Stella (Zoe Margaret Colletti), descobre o paradeiro do livro, com uma riqueza de detalhes que se encontravam nas páginas. Mal sabia que iria lhe trazer sérias consequências…
O grande triunfo do filme é transpor todas as características (ou clichês?) do terror, para então desenvolver alguns caminhos que não sejam tão previsíveis – embora tenham trazidos relances costumais do segmento; de boa conveniência artística, o Guillermo Del Toro pesa a mão em suas influências, articuladas de outros longas, para expôr efeitos práticos de seus monstros – que chega a ser impressionante pelo pouco uso do CGI.
O longa cria-se um laço permissivo, enquanto os desdobramentos sobrenaturais aconteciam. De um modo respeitoso, utiliza-se ‘jumpcares‘ poucas vezes, e a coerência narrativa faz-se simples, direto e sem firulas – buscando entralaçar todos os personagens em um só ponto, de um viés principal: o medo. E é o medo que conecta as estranhas de todos os monstros, em cada particularidade do seu inconsciente coletivo. Sim, assusta. E muito.
Por ser um produto cuja classificação indicativa é de 13 anos, é de esperar que tinham – em supervisão – chegado à um consenso de límite, pois queriam respeitar o legado das obras literárias – que eram destinados à um público infanto-juvenil. Isto faz com que perca o ímpeto em uma narrativa exclusivamente poeril, que eram comuns aos grandes clássicos do gênero, como Goosebumps e, atualmente, Stranger Things. E, com isso, perde-se o clássico instantâneo – porém, promissor dentro de sua possibilidade cinematográfica, pois – em seu gancho no final do longa – sugere uma sequência.
Histórias Assustadoras Para Contar No Escuro é um longa que tem, em sua premissa, a experiência ‘brisada’ de Guillermo Del Toro para entregar os seus súditos – a saber, os personagens – aos maiores medos. Por ser simples, a sua eficácia narrativa está na concepção de tensão e na crueza repulsiva de certas cenas, trazendo-nos todo formato de um terror – porém sem ser audacioso e perverso. Mas é um longa divertido, tenso e bem filmado, com pouco ‘jumpcares‘ e muito ‘coração‘, em efeitos práticos.
Histórias Assustadoras Para Contar No Escuro já está em cartaz nos cinemas.
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