CRÍTICA: A LUZ NO FIM DO MUNDO

No mundo onde se supre com a (in)consistência narrativa, aliada à um consenso popular em uma determinada obra audiovisual, o filme A Luz No Fim Do Mundo – escrito e dirigido por Casey Affleck, irmão do Ben Affleck – é uma síntese bem orquestrada, de um roteiro minimalista que transporta todo conceito afetivo para dentro do cinema. Um belo retrato de múltiplas definições, baseada no relacionamento entre o pai e a filha, em um pós-apocalíptico.

O longa retrata o dia-a-dia entre o pai (Casey Affleck) e a filha Rag (Anna Pniowsky) em um ambiente catastrófico, na qual uma pandemia alastrou toda população feminina em nível mundial, chegando à uma extinção do gênero – sobrando, então, a única existente que se tem notícia, justamente a protagonista do longa. O exercício do perigo, na angústia do pai em flertar com as consequências incontáveis (que põem em risco), o fez ‘transformar’ a filha em uma figura masculina – no modo muito mais sutil por entre roupas, trejeitos e acessórios, além do nome.

Visualmente simples, ela se conecta com um ritmo lento, porém envolto de muitos diálogos, que preenchem cada momento de cena. Verborrágico, – mas de forma proposital em relação à trama – constrói um dilema de função deliberativa do pai, enquanto a filha desmonta todo e qualquer questionamento de uma forma curiosa, em perguntas não-lineares.

Instigante, o longa elabora sem transceder de alguma origem ou causa – apenas segue-se no desconexo do mistério, de todos os porquês pela pandemia. O reflexo intuitivo de uma trama, em um gesto de maturidade, nos concede um pouco mais do que uma simples visão progressista – é apenas uma maneira de expor toda importância da mulher, e como nela se interfere no escapismo natural de crenças/raças/étnias/gêneros, em um ambiente (in)ofensivo e machista.

A Luz No Fim Do Mundo é um longa difícil de digerir, com diálogos verborrágicos e intencionais. Mas é uma arte contemplativa, que exige um pouco mais do que uma simples constatação. E de grandes atuações de Casey Affleck e Anna Pniowsky, o longa retrata um longo questionamento de existência, dor e (des)esperança, de um mundo totalmente entregue à ostracismo.

A Luz No Fim Do Mundo está em cartaz nos cinemas.

 

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